terça-feira, 10 de julho de 2012

"Por favor, não chame autismo de doença"


Lendo alguns e-mails e conversando com algumas pessoas, percebi que muita gente se sente mal quando o autismo é tratado como uma doença. Um dos pais até me indagou. "Meu filho me mudou completamente. Hoje eu sou uma pessoa bem melhor. Como posso chamar isso de doença?". 

O autismo é definido como um Transtorno Global do Desenvolvimento, que impede a pessoa de desempenhar atividades diárias e sociais sozinha. Existem quatro tipos de autismo e cada um deles tem as suas características. De todas elas, a principal é a dificuldade na socialização. O mais leve deles se enquadra em pessoas que possuem apenas traços de autismo, apresentando "características leves como a dificuldade em se relacionar com o outro ou com algum tipo de interesse específico, se focando apenas por um tipo de coisa/assunto e dominando todas as informações existentes sobre ele". Quando falo de relações sociais, não imagine alguém "difícil de lidar", imagine alguém que tem dificuldade em mostrar o que sente ou perceber o que "você sente", sem que você diga. Autistas não lidam com indiretas ou desvendam caras feias, eles só sabem lidar com a sinceridade.

Outro tipo de autismo é chamado de "Síndrome de Asperger", que também apresenta características como dificuldades sociais e aversão à quebra de rotina ou regras, por exemplo. Neste caso, "os Aspergers não costumam demorar para falar e nem possuem retardo mental. Se interessam por assuntos específicos e costumam focar as suas habilidades neles". 

O chamado "Autismo em pessoas com alto funcionamento" se apresenta em pessoas que "não possuem déficits cognitivos, ou seja, retardo mental, mas que tiveram dificuldade de interação social, dificuldades comportamentais, entre outros". O tipo mais delicado do autismo é chamado de "autismo clássico" associado ao retardo mental, dificuldade na interação social e dependência.*

Entre outras características, pode-se perceber que a principal delas é a dificuldade em interagir socialmente. Apesar disso, quando nos aproximamos deles e entramos em seus mundos, percebemos que são pessoas muito sinceras e carinhosas. Não fingem sentimentos e nem conseguem mentir. Quando você convive com um autista e trabalha nas dificuldades que ele tem, você consegue perceber o quanto ele é especial e o quanto isso muda você. É sabendo disso que a gente consegue entender quando uma pessoa é modificada "humanamente" pelo autismo e não o consegue chamar de doença.

* As principais informações foram tiradas do livro 
"Mundo Singular - entenda o autismo",
 entre outras pesquisas. Teremos resenha sobre ele
no próximo post!

2 comentários:

  1. Muito interessante Letícia. Qual é o tipo do Igor? Tem algum tipo de terapia para minimizar essas características?

    Outra dúvida que tenho: É verdade que esse transtorno acomete mais homens que mulheres? Tem uma explicação para isso?

    Beijos.

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    1. Segundo o livro "Mundo Singular", o transtorno afeta mais os homens do que as mulheres sim. Os sintomas de autismo são até mais explícitos para os homens. O cérebro feminino já é propenso a ter emoções, isso pode "acobertar" as dificuldades de socialização, por exemplo.

      O Igor tem o autismo clássico. Sim, existe sim. E são muito benéficas.

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